segunda-feira, 3 de maio de 2010

O amor da natureza por nós




Estou transcrevendo abaixo, parte dos escritos de Thich Nhat Hanh, monge budista vietnamita. Ao final do texto menciono a fonte. É um texto riquíssimo, de onde podemos extrair insigths preciosos para a prática no nosso dia-a-dia.


Boa leitura a todos (segue o texto do Venerável Monge Thay)


Tantos seres no universo nos ama incondicionalmente. Uma canção de um passarinho pode expressar alegria, beleza e pureza, e evocar em nós vitalidade e amor. As árvores, a água e o ar não nos pedem coisa alguma, eles apenas nos amam. Embora precisemos deste tipo de amor, continuamos a destruí-los. Deveríamos tentar ao máximo causar o menor dano a todas as criaturas vivas. Quando jardinamos, por exemplo, podemos aprender a cultivar, próximas a nossos vegetais e flores, certas plantas que irão afugentar insetos nocivos, cervídeos e coelhos sem machucá-los. Podemos usar repelentes orgânicos ao invés de pesticidas químicos para proteger os pássaros e abelhas. Podemos sempre lutar para reduzir os prejuízos que causamos às outras criaturas. Ao destruir os animais, o ar, e as árvores, estamos nos destruindo. Temos que aprender a praticar o amor incondicional por todos os seres para que os animais, o ar, as árvores, e os minerais possam continuar a serem eles mesmos.

Um pé de carvalho é um pé de carvalho. Tudo o que ele precisa fazer é ser o que ele é. Se um carvalho for menos do que um carvalho, todos nós ficaremos transtornados. Em nossas vidas anteriores fomos rochas, nuvens e árvores. Fomos também um carvalho. Isto não é apenas budista, é científico. Nós humanos somos espécies jovens. Fomos plantas, fomos árvores e agora nos tornamos humanos. Temos que nos lembrar das nossas existências passadas e ser humildes. Podemos aprender muito com um carvalho.

Nossa ecologia deve ser uma ecologia profunda e não somente profunda, mas universal. Existe poluição em nossa consciência. Televisão, cinemas e revistas podem ser meios de aprendizado ou podem ser formas de poluição. Eles podem espalhar sementes de violência e ansiedade dentre de nós e poluir nossa consciência. Estas coisas nos destroem do mesmo modo que destruímos o nosso ambiente, quando cultivamos usando produtos químicos, cortamos árvores e poluímos a água. Precisamos proteger a integridade ecológica da Terra e de uma ecologia da mente, ou este tipo de violência e negligência transbordará ainda mais para outras áreas da vida.

Nós humanos achamos que somos inteligentes, mas uma orquídea, por exemplo, sabe como produzir flores simétricas, um caracol sabe como fazer uma concha bela e bem proporcionada. Comparado com o conhecimento deles, o nosso não é, de forma alguma, tão valioso. Devemos nos curvar profundamente diante da orquídea e do caracol e unir nossas mãos reverenciando a borboleta e o pé de magnólia. O sentimento de respeito por todas as espécies nos ajudará a reconhecer e cultivar dentro de nós a mais nobre natureza.

(Do livro “The World we Have”, de Thich Nhat Hanh)

(Tradução para o português: Tâm Vân Lang - Maria Goretti Rocha de Oliveira)

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